20 de janeiro de 2009

A gota de orvalho

Tudo tão diferente. Aos poucos a solidão vai me dominando e me lançando para os tempos passados em que eu varava a noite lendo Augusto dos Anjos e Clarice Lispector. Era a solidão alcançando o seu ápice. Será que pra mim a ordem natural das coisas seja essa? Saí do amor, saí da alegria, saí da esperança para reencontrar o meu antigo vazio? (...)

Sinto saudade da pessoa, e é ela que ainda não conheço a fundo, mas ela é a esperança de um preenchimento maior dentro de mim. É tudo oposto, é tudo na contramão, mas é o que desejo. O desejo amargo, o desejo que instintivamente sei que me lançará para as dores antigas. É uma imagem simples e facilmente vista no interior de um quadro, mas para uma alma sensível vai bem mais além. É sinuosa e turva; medrosa pra decifrar o tesouro presente nas mãos, mas corajosa pra tentar decifrar o desconhecido, os aspectos da vida, a gota de orvalho.