27 de maio de 2007

Eu perco e tu perdes...

[Perder: ser privado de coisa que se possuía; deixar de ter, de gozar; não aproveitar; deixar fugir]
Perder alguém no sentido de falecer é, sem dúvidas, bem doloroso. Há todo o ritual da despedida: choro, sepultamento, missa, missa de sétimo dia e uma visita anual -para o finado que ainda é lembrado- no mês de novembro.
Pois bem, meu objetivo é analisar o outro sentido do termo "perder". Queria entender como encarar a perda de alguém, mas com um detalhe, esse alguém ainda não morreu! Fisicamente eu diria..
Sim! superar a perda de alguém que antes fazia parte mais do que nunca de você e hoje ronda por aí como mero desconhecido, ou melhor, pouco conhecido para não ser tão radical. Seria um morto-vivo em minha vida, que além de ter morrido em parte acaba matando parte de mim também, seria eu a viva-morta.
Cheguei a escrever sobre isso porque essa prática já se adaptou muito bem à minha pessoa. Tá quase no calendário, sabe? Mais certo que a seca em Brasília. E isso já virou meu maior medo, sempre reafirmado naqueles quetionários bestas de internet que insistem em perguntar: "Qual o seu maior medo?".
E é assim que se sucede: quem tem medo de fantasmas toda noite enxerga estes; quem tem medo de falar em público sempre gagueja no discurso final; quem tem medo de perder alguém...

E digo mais, esse medo só vai se ofuscar se pelo menos em algum ano essa prática desaparecer do meu calendário. Até agora nada!

Ai, ai... a morte é tão mais consolável...

Veja você: os mortos ganham despedidas, se encontram anualmente com os vivos e tem até flores na ocasião!

Já o morto-vivo e a viva-morta ...






Alguns créditos para a frase recentemente ouvida no filme Batismo de Sangue: "Prefiro morrer do que perder a vida". Ajudou na reflexão...

2 comentários:

Newton Neto disse...

Eu nunca passei pela dor da morte física! (oxalá!)
mas as pessoas estão sempre morrendo à minha volta também. mas... seremos nós também mortos-vivos na vida de outros? fantasmas que assombraram e marcaram presença no passado destes?

não existe linha tênue entre passado e agora. há um muro de concreto, onde, do outro lado dele, (o passado!) estamos nós também. mortos.

Josyane disse...

A morte não física também é interessante. Vira e mexe eu me pego pensando em gente que passou na minha vida e depois sumiu... sem deixar rastro nenhum. Me pergunto inclusive se o fulano morreu ou tá vivo... hehehe

E a frase dita no filme é do Frei Tito de Alencar, também repetida no seriado Chaves ;)