27 de fevereiro de 2012

Despedida de um grande amor, senão o maior.

luta a lembrança em meio ao cheiro e cor de luto
insignificante, como a confiança do respirar convalescente
singela e, como sempre, profunda
brada, dispara, cala... e consumida se desencontra
e enquanto o tempo corta a pele, esvai o sangue dessa palavra
lentamente, cegamente, tardiamente
acorda, recorda, limpa... mesmo que mais sangre o escrever.

palavras pisam o travesseiro
onde me afoga esse segundo
ressuscitado no torpor das roupas arrancadas
quase afasta as tuas digitais dos meus poros
umedecidos pelos beijos promíscuos dessas lagrimas
esculpidas na pele... penetram o que as repelem, e curam.

traçados, premeditadamente rabisquei teu outro nome
encravado em negro no mesmo lugar, na pele.

ausente, violenta a mentira que degusta
mordida pelo sono, inverte o sonho que outrora me condenava
ordena o irreversível, torna-se humano, demasiado.

tece um segredo para não excitar a verdade desnuda
e, só então, encostada no silêncio, deslealmente o despe.

parte aquela palavra inteira
e eis que, partida, desabotoa a intimidade dessa lembrança
recheando seus lábios, que ainda assim os calam:
delitos deitados nas margens dos momentos que nos abraçam
onde velados enfim se encontram a eternidade e...
o fim.

Lisbela, parte final.

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